22 de agosto de 2008

185 anos no papel e mais de 300 anos de história.

Parte 02
OS PRIMEIROS HABITANTES DOS INHAMUNS


Quando os colonizadores chegaram aos Inhamuns encontraram essas terras habitadas pelos índios jucás, cuja ocupação de terras sob seus domínios ficavam entre os atuais municípios de Jucás e Arneiroz.

Como forma de defenderem-se dos ataques de invasores, os índios construíram uma fortaleza no saco do Coronzó, conhecida como as Muralhas Rochosas, que fica ao lado da Serra Grande. Essa fortaleza servia também para demarcar o território indígena.

Na chapada da Serra Grande, os índios jucás cultivavam mandioca, com a qual faziam a farinha para sua alimentação; tinham também habilidades no preparo de amêndoas do faveleiro e bolo da substância retirada do caroço de mucunã. Nos anos escassos, os jucás alimentavam-se de misturas preparadas com raízes, como a da mandioca, coroatá e mucunã. No verão, além de se alimentarem da caça e da pesca, completavam sua alimentação com as frutas do umbuzeiro, encontrado com abundância ao longo do Rio Umbuzeiro.

Mucunã: planta nativa que servia de alimento para os Jucás.


Em defesa de suas terras, os índios jucás entraram em confronto com seus vizinhos, os índios crateús e os quixelôs, e travaram lutas com os colonizadores.
É importante ressaltar que o território tinha significado diferenciado para os povos indígenas e colonizadores. Para os nativos, além de ser meio de sobrevivência, o território constituía-se em um valor simbólico, através do qual se definia a identidade; enquanto que para os colonizadores a terra era sobretudo um meio de produção e exploração.
Os colonizadores "catequizaram" alguns índios, mas a grande maioria seguia em busca de novas terras. José de Alencar em seu livro "O Sertanejo" cita os índios jucás após serem expulsos dos Inhamuns pelos colonizadores, chegando ao sertão central do Ceará:
"...o sertão de Quixeramobim era infestado pelas correrias de uma valente nação indígena, que se fizera temida desde os Cratiús até o Jaguaribe. Era a nação Jucá. Seu nome, que em tupí significa matar, indicava a sanha com que exterminava os inimigos. Os primeiros povoadores a tinham expelido do Inhamuns, onde vivia à margem do rio que ainda conserva seu nome.
Depois de renhidos combates, os Jucás refugiaram-se nos Cratiús, de onde refazendo as perdas sofridas e aproveitando a experiência anterior, se lançaram de novo na ribeira do Jaguaribe, assolando as fazendas e povoados."
No capítulo seguinte o autor fala sobre as táticas de guerrilha da nação Jucá, quando retornam ao sertão central:

"De novo espalhou-se o terror pelos campos de Quixeramobim. Anhamum, o feroz chefe dos Jucás, voltara à frente de quinhentos arcos, e desta vez para assaltar a Oiticica e tirar a desforra.
Logo divulgou-se a notícia, o capitão-mór preparou-se para receber os selvagens, os quais não se fizeram esperar. Uma noite chegaram êles à margem do Sitiá e anunciaram-se pela sua formidável podema de guerra. No dia seguinte as casas da fazenda estavam cercadas.

Por muitos dias não fizeram os selvagens a menor demonstração hostil; sentia-se que êles estavam perto, mas não se mostravam a descoberto. Esperavam ocasião azada para investir, ou queriam obrigar os sitiados a uma sortida."


A nação Jucá amendrondava tanto colonizadores quanto outros nativos.



Fontes:
Antonia Gecina Moreira Mota e Yonara Mota de Assis Castro (Universitárias da Universidade Estadual do Ceará);
"O Sertanejo", José de Alencar.

6 comentários:

  1. Adorei essa postagem...muito interessante. Pelo o que conheço dos Jucaenses, ficou muito desses índios, principalmente, a defesa da identidade do povo através da terra. Nunca vi povo mais orgulhoso da terra que nasceu.
    Beijos!

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  2. Cara Adorei seu Blog, já tinha procurado muito por informação da Cidade, sou dai mas mora em São Paulo á 19 Anos. Já tinha perdido o rumo da mesma, mas em janeiro estarei passando 10 dias nessa amada cidade. Lembro muito pouco e perdi o contato com todos da minha infância, joguei muita bola no campo, único da cidade tinha uns times que nem lembro mais os nomes, fomos campeões tinha bons jogadores mirim.

    Silas 31/10/2008
    silas@portalmorato.com.br

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  3. Uma minha pentavó chegou nos Inhamuns, mais precisamente na freguesia de Nossa Senhora do Carmo, na segunda metade do século XVIII, em companhia de seu irmão, o Alferes Manoel Raulino da Silva, a convite de outro irmão, o Comandante Venceslau Gomes da Silva, de São João do Príncipe (Tauá).

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  4. achei muito interessante porque meu nome completo é Victoria "Jucá" de morais, adorei saber um pouco da da origem do meu sobrenome!

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  5. Que bom poder ajudá-la Victória. Um forte abraço.

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  6. DJERFESON.
    Achei interessante o seu blog. Fiquei curioso, curiosissimo mesmo com relação ao Alferes Manoel Raulino Silva que voce diz ser irmão de sua pentavó. Descendo desse Alferes e tenho interesse de saber o nome dessa sua irmã que você se refere como pentavó. Tem como conseguir isso?
    Grato
    Valdir Uchoa Ribeiro

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